terça-feira, 22 de novembro de 2011

L.


A vida é tramada. É mesmo, mas mesmo. Sabemos todos disso, alguns de nós bem até demais, mas não consigo deixar de sentir dentro de mim uma mágoa gigante, acompanhada de uma fúria intensa como um vendaval, quando vejo que a vida trama, insistentemente, quem menos merece.

L. é uma cadela. Linda, meiga, velha. Com um feitio especialmente concebido para estar ao nosso lado, sem ser demais, mas sem ser de menos. Para compreender os momentos, todos eles, bons ou maus. É uma boa menina, não faz asneiras. Sabe dar a pata. Olha-nos com um olhar de tal forma penetrante que é como se nos entrasse alma adentro sem pedir licença, caindo lá bem no fundo, naquele ponto... aquele que muitas vezes, nem os da nossa espécie lá chegam. Aquele que nos conforta, que nos aquece o coração.

Mas, a vida, essa bruxa intemporal, vai amanhã levá-la, pela 3ª vez este ano, para a mesa de operações. E ela não merece. Nem eu. Nem a minha família.

Espero que corra tudo bem, mas cá dentro aperta... desta vez o salto é sem rede, e temos que abrir as mãos, como diria a Mafalda Veiga... mas nem tudo o que parte se volta a colar e o medo é agora mais do que muito. Esperemos.

Até amanhã, princesa.

"... e agarras a minha mão, com a tua mão, e aprendes a dizer que me estás a salvar ..."

Um comentário:

  1. Passei aqui por acaso e gostei. Sei o que é isso. Espero que tudo corra bem
    Bj
    Lisete

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