terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Venezia

E pronto. Viva o Carnaval! Já cá chegámos... alegria. A mim, muito honestamente, o Carnaval nadinha me diz... pelo menos não aqui em Portugal. Acho que não tem nada a ver connosco... tal como o dia das Bruxas, foi mais uma tradição importada que não nos encaixa. O Natal encaixa-nos que nem uma luva. As famílias, as lareiras, os avós e netos, o bacalhau cozido e o peru no forno... ok. Mas o Carnaval... o Carnaval é dos brasileiros. Eles sim, comemoram com uma alegria verdadeiramente extasiante. O Carnaval no Rio não se resume a bombinhas e balões de água idiotas que os miúdos insistem ter imensa piada; não se resume a lixo nas ruas e a homens mascarados de mulheres com mamas grotescas e saltos altos daqui até ao tecto. Também não se resume a gozar com a classe política, futebolística e afins. Acho que a única coisa porreira do Carnaval em Portugal é a parte dos miúdos, que com a sua criatividade e imaginação entram nas personagens que encarnam de tal forma que para eles, é quase real!

Agora, Carnaval MESMO Carnaval, que me fascina e transcende, esse é em Veneza! Já fui a Veneza, mas não no Carnaval. Quando lá fui, perdi-me de amores. Podia ser um cliché, nas não é. Sempre me disseram que Veneza de giro só tinha as gôndolas, que cheirava mal por causa dos esgotos, etc etc etc... e eu fui, em trabalho. Fui lá para por acaso, o trabalho nem era lá, mas um imprevisto na viagem fez-nos tropeçar num comboio que nos levou a Veneza. Aquele comboio ainda hoje me parece mágico, a andar por cima da água. Quando saí, na estação coberta, a impressão foi péssima, admito. Cheirava horrivelmente mal, mas a urina, não a canos. Grande semelhança com as estações lisboetas... 

Mas, assim que saí de dentro da estação e encarei o canal e as primeiras gôndolas (que por acaso, eram táxis), a minha alma e o meu coração ficaram para serem ali agarrados. Chamem-lhe conexão, se quiserem. As suas águas de um azul escurecido, que sim, de facto em alguns cantos exalam um aroma mais apodrecido (nada de insuportável ou muito incomodativo, e só em alguns locais); os seus prédios de mil e uma cores quentes, as feiras com produtos frescos e flores no meio da rua, aqueles becos que não cabem na cabeça de ninguém, a praça de S.Marcos em todo o seu esplêndor, o mar, as gôndolas, os gondolieri e as suas roupas inesquecíveis... e claro, a loja de chocolates com sabor a lavanda numa rua cujo nome esqueci, e as máscaras lindas e misteriosas em papier maché.

Já lá fui, e das poucas certezas que tenho na vida, é que voltarei. Se um dia puder ser no Carnaval, tanto melhor.


Nenhum comentário:

Postar um comentário