domingo, 12 de fevereiro de 2012

Viver o quê?!

"O que mata mais é não ver", diz a Mafalda Veiga nesta canção

Alguém tem o remédio para a tristeza? Para a frustração? Para o desespero de querer mudar sem ter forças para conseguir? Alguém tem o remédio para deixar de odiar as Segundas-feiras, para me levantar da cama de manhã com energia e paixão por viver? E vontade, sobretudo?

Daqui a 10 dias faço 27 anos. 27. Faltarão 3 para os 30. Nunca fui boa a matemática e não gosto dos números, mas este assombram-me a mente, cada vez mais, cada dia mais. Antigamente, quando era preenchida por sonhos e esperança, adorava fazer anos. Sonhava com os voos na minha vida, as aventuras maravilhosas do dia-a-dia, a paixão de viver... tinha uma joie de vivre extraordinária e escrevia, escrevia, escrevia crónicas sem fim, textos soltos, poemas... tudo. Reconheço hoje que tinha em mim aquela alegria que só a inocência permite ter. Aquela que faz sonhar, voar alto com o vento a bater na cara e os cabelos emaranhados numa confusão, o coração a bater descompassadamente e um sorriso no rosto com leveza do peito.

Mas a vida dá voltas tramadas. Destrói os sonhos, leva-nos a cometer erros dos quais só nos apercebemos quando já não há nada a fazer... pelo menos, não sem destruir muito ao redor.

Verdade seja dita, estar à beira do abismo é mais ou menos como me sinto. Quero mudar de trabalho, quero deixar este trabalho e o que vivo porque põe-me doente. Dá-me dores de cabeça, nervos que não acabam, lágrimas que não acabam nunca, noites de gritos, de choros desalmados, de inquietação, pesadelos...fez-me desenvolver uma doença digestiva directamente ligada ao stress tremendo sob o qual vivo. E só me apetece desistir... mesmo a sério, simplesmente saltar e abrir as mãos.

Sinto-me despedaçada, e não fossem 3 detalhes na minha vida, nada mais me prenderia aqui. Tudo isto porquê? Porque mais difícil do que lidarmos connosco próprios, é lidarmos com os outros. É conviver, diariamente, semana após semana, com uma pessoa difícil de conviver; com uma pessoa obsessiva, que só pensa em si, nos seus objectivos, na sua obsessão com o trabalho e a sua incapacidade de fazer o que quer que seja mais do que isso...alguém que parece ter dupla personalidade, cuja disposição e comportamento serão sempre surpresas pois depende de onde incide a lua nessa noite... e conviver com esta pressão gigantesca, diariamente, desde há 6 ou 7 anos, é obra.

Sempre pensei que a mudança de casa traria mudanças na minha vida... mas simplesmente atenuou os fins de semana dando-me descanso ao peito nesse período. Mas o que mata mais é não ver... e o que me mata mais neste momento é sentir-me agarrada a um mundo que não quero nem por nada e não conseguir fazer nada para me soltar dele.

Desabafar ajuda, às vezes. Pelo menos, alivia o peso.




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